TCC/ 2008-1
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Existem outras formas de expressão, sem ser somente a palavra falada, contextualizada, que se manifestam na fala dos poetas, daqueles que sonham, aqueles que ainda não foram contaminados<br />
pela crueldade do neoliberalismo, que fez abortar estes sentimentos de utopia, nas palavras de Paulo Freire.<br />
As escolas são os primeiros celeiros onde estas questões afloram. Ao assistirmos as apresentações dos trabalhos de conclusão – TCC na Escola de Arquitetura da UFSC, presenciamos o projeto de uma aluna que conseguiu romper este lacre. Como objets trouvés, pinçados de uma realidade e colados numa outra superfície, quase surreal como uma verdadeira collage. provou que a arquitetura e o urbano se fundem na cidade. Não é mais possível separarmos ou descolarmos esta inimage. Neste momento, quebra-se a rudeza de uma sociedade nociva, penetra-se na forma mais sutil e delicada através da modelagem do projeto ilhas verdes, verdes ilhas, “ver as ilhas” que compõem este vasto arquipélago do imaginário. Transfigura-se um centro histórico, cinza, confuso, velho, vazio, sem dignidade, com uma ousadia e um surrealismo surpreendentes só capazes num processo desconcertante da collage. Este debruçarse sobre si mesma buscando as entranhas, faz com que certas pessoas rompam, ousem, gritem suas arquiteturas, pois segundo Rasmussen, arquitetura é como a música, ela toca também! Foi o que fez a Priscila, parodiando Sampa do Caetano: alguma coisa aconteceu no seu coração, quando cruzou a Fernando Machado com Avenida Hercílio Luz...<br />
Poderíamos comparar esta semana de apresentações dos TCCs com um festival de cinema, com um diferencial: enquanto que o cinema pode trabalhar com não-atores, atores sem experiência, aqui presenciamos alunos com uma segurança de arquitetos, como muitos passaram a ser depois daquele momento. Os temas variaram de escalas, de conceitos, de representações, esta pluralidade reflete uma escola ainda sem rótulos, sem “correntes”, mas com um trunfo muito maior: com liberdade. Muitos resgataram o seu lugar de origem, como falou a Maria Inês, num verdadeiro gesto de gratidão a sua terra natal. Outros recorreram a uma tecnologia transformadora do projeto/espetáculo em realidade virtual. Mas, o mais importante foi o exercício da coragem de se expor: tanto alunos como professores, tanto calouros como formandos, tanto arquitetos acadêmicos como arquitetos profissionais do mercado de trabalho. Essa diversidade produtiva<br />
somada à experiência humana do LELÉ, certamente contribuirão para a montagem do próximo TCC.<br />
Em tempo: na mesma sintonia com Pequim, a nossa medalha de ouro do Ópera Prima, foi para Mei Minku, parabéns!</p>
Fonte:Gladys Neves
Publicado em:30-09-2011 13:08:41